Palestra “Deus Existe?” E a Importância Da Cortesia Na Apologética

Tenho pena que não existam mais recursos em vídeo de Kirk Durston como o que vou partilhar de seguida.

Não costumo colocar aqui textos ou vídeos exclusivamente em Inglês, para não ir contra o próprio slogan do Site, “Apologética em Português”, mas desta vez, e porque sei que há muita gente que visita este site que é fluente em Inglês, abro uma excepção para vos dar a conhecer este Canadiano Doutorado em Biofísica, Mestre em Filosofia, licenciado em Engenharia Molecular, licenciado também em Física e prestes a concluir uma licenciatura em Teologia (ufa!).

Mas o que mais gosto nele, e o motivo pelo qual decidi apresentar-vos este brilhante Académico, é que ele não só é um Cristão que defende o Design Inteligente, como… parece um Cristão. Digo isto porque é muito fácil no mundo de debates e palestras que rodam o tema do Cristianismo e Ciência, sucumbir à tentação de usar de alguma altivez, ironia e sobranceria com quem palestra defendendo a não-existência de Deus, porque normalmente o sarcasmo e o chacotear é o modus operandi da maioria dos que se intitulam neo-ateus.

PZ Meyers debate com Kirk Durston

PZ Meyers debate com Kirk Durston

Ele comporta-se sempre com graciosidade, cortesia e bom senso, mesmo em alturas em que debate com pessoas como PZ Meyers, provavelmente o neo-ateu mais baixo, mesquinho e perverso que alguma vez terão o desprazer de ver, ler ou ouvir.

Kirk é um homem de Deus que percebe que quando se debate com alguém ou quando se está a fazer uma apresentação tentando demonstrar pelas evidências da Ciência a existência de Deus, na verdade o que estamos a tentar é a ganhar uma (ou muitas) almas para Deus, e não a tentar derrotar os argumentos do(s) nosso(s) adversário(s).

Aqui fica então o vídeo de uma palestra dele intitulada “Será que Deus existe?”, na Universidade de Fanshawe no Canadá. Se puderem, vejam os outros vídeos cujo link partilho abaixo.

Aqui poderão ver mais vídeos dele (palestras e debates), aqui poderão ver uma pequena Biografia dele bem como alguns trabalhos avaliados por pares (peer-reviewed) que ele já publicou, e finalmente aqui terão acesso ao seu blog pessoal.

A Ilusão do Ateísmo

Nestes últimos dias tenho tido uma sempre bem-vinda oportunidade de trocar algumas palavras com um ex-membro da Igreja que frequento. Hoje em dia, e de há uns anos para cá, ele identifica-se como ateu. Apesar de trágico, o atual estado espiritual desta pessoa no que diz respeito à sua “fé” não é surpresa nenhuma.

Um dos motivos pelos quais eu invisto tempo a escrever neste sítio é precisamente o de capacitar os nossos jovens Cristãos -não só os jovens, mas principalmente estes- a estarem sempre prontos a defender a sua fé e a enfrentar de forma eficaz os ferozes ataques que a cosmovisão Cristã sofre por parte do mundo secular e dos seus intervenientes mais ativos.

classroom

Sem a devida preparação, é aqui que o seu filho passará a acreditar na ilusão do Ateísmo. Clique na imagem para ver um estudo recente sobre o abandono da fé por parte de jovens que iniciam a sua vida académica.

O risco é simples: Deixar os nossos filhos sair de casa aos 18 anos como Cristãos convictos e participantes connosco do corpo de Cristo nos eventos dentro e fora da Igreja, e recebê-los 3, 4 ou 5 anos mais tarde como inimigos de Deus declarados.

As faculdades são hoje em dia um lugar onde os nossos filhos são ensinados que Deus não existe e que o Humanismo e outras correntes anti-religiosas são o mais perfeito e capaz sistema de vivência humana. Mentiras, mentiras, mentiras.

Mas por um momento coloquem-se na pele de um jovem caloiro acabado de chegar à faculdade: O seu Professor de Biologia garante que a Teoria da Evolução é um facto científico, o de Filosofia afirma que Deus, a existir, é um ser atroz e vingativo e nas aulas de História os livros de Dan Brown são usados como exemplo de boa Historiografia. Podemos culpar alguém que não nós mesmos (os Cristãos) pelo mau trabalho feito ao longo dos anos, pela forma despreparada como entregamos os nossos jovens à sociedade no arranque das suas carreiras estudantis, quando estes colocam um pé fora da redoma familiar Cristã?
Não, não podemos. A culpa é só nossa.

Um ateu não é mais do que o produto de vários fatores conjugados, a saber:

  • Exposição a maus e tendenciosos estudos académicos
  • A natural inclinação do Homem para viver no pecado e assim procurar negar a existência de um Deus soberano (e os polos/campus Universitários são um forte convite a viver sem regras ou controlo)
  • Pressão dos pares, que como eles, também sofreram dos dois factores acima mencionados

Este recente amigo ateu com quem tenho falado confessou que se desviou do Cristianismo precisamente quando entrou na faculdade e teve contacto direto com o mundo secular em todo o seu esplendor. Dúvida aqui, artigo “científico” ali, e este até então Cristão saiu do edifício espiritual do Cristianismo onde habitava para, segundo as suas palavras, “nunca mais voltar”.

alarm-clockImagine comigo este cenário: Alguém debruçado em cima de uma cama, com uma almofada nas mãos a tentar cobrir um despertador para dessa forma abafar o som do seu alarme que toca de forma estridente, ao mesmo tempo que grita para alguém ao seu lado “Alarme?… na.., não há nenhum alarme a tocar neste momento!”

Esta é a perfeita ilustração da vida de um ateu.

Nos dias de hoje, em que abrindo uma página de Internet e acedendo a um qualquer motor de pesquisa ao estilo “Google” temos acesso a uma vastidão de textos, opiniões, artigos e coisas tais, um ateu tem mais do que ocasião e oportunidade para sustentar a sua cosmovisão e achar que está do lado correto da verdade.

Repare, eu não estou a afirmar que o ateu é um ser totalmente ilógico: mas afirmo-o se ele analisar TODAS as evidências que os muitos anos de bons estudos das mais variadas áreas nos trazem, e ainda assim, escolher o ateísmo como a melhor explicação para o “tudo”.
Isso sim para mim é o pináculo da ilusão auto-imposta.

O leitor procura uma “desculpa” para ser ateu? Fazemos assim, não perca mais tempo então, eu digo-lhe o que fazer: vá ler os livros de Sam Harris, ou de Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Daniel Dennet, David Silverman, Lawrence Krauss e tantos outros como eles. Agora aproveito e digo-lhe já de seguida que se quiser ser feliz na ignorância de não conhecer mais nada para lá das ideias desses autores, não leia um único livro mais. Nenhum, não leia absolutamente mais nada!

Não leia outros ateus um pouco mais honestos -e credenciados, mas de quem, pasme-se, nunca ouvirá falar nesse sub-mundo ateu- que os que citei acima que seguem as evidências para onde elas os levam e depois de anos e anos de observação, estudos e pausada análise e ponderação acabam por escrever livros com os títulos;

AFlew_DeusExiste“Deus Existe” como foi o caso do mais proeminente ateu do século passado, Antony Flew, que após 50 anos a defender a causa ateísta reverteu a sua posição para o agnosticismo, reconhecendo assim que os avanços da Ciência não lhe deixaram qualquer alternativa que não fosse a de reconhecer a existência de um Deus criador,

ou mesmo,

mindandcosmoscoverMente e Cosmos: Porque é que a concepção materialista neodarwinista da natureza é quase certamente falsa” do reputado filósofo ateu Thomas Nagel, onde ele afirma que concepções estritamente materialistas -ou seja, sem uma causa transcendente, sem “Deus”- para a origem do Universo e da Vida são “quase certamente falsas”.

Os defensores da Teoria da Evolução têm uma particular aversão a este homem, da mesma forma que nós teríamos de alguém que nos carregasse com um dedo no nosso joelho recentemente esfolado após uma queda, e ambos pelo mesmo motivo: Tocar numa ferida aberta causa desconforto.

Não leia também sobre os trabalhos/artigos e publicações daquele que é considerado um dos maiores académicos vivos do Novo Testamento, o agnóstico Bart Ehrman (por quem alias tenho, confesso, uma saudável antipatia) que nos faz saber entre outras coisas que (traduzido daqui):

  • Jesus foi uma pessoa verdadeira da história, um Judeu da Galileia que pregou sobre o Reino de Deus. Ehrman escreveu um livro inteiro a defender este facto
  • Os Evangelhos canónicos são os mais jovens, e, para todos os efeitos, as únicas fontes válidas de informação detalhada sobre o Jesus histórico. Os evangelhos “Gnósticos” e os outros escritos apócrifos datam de muito mais tarde e não podem ser considerados fontes com significado válido para a informação histórica sobre Jesus.
  • Jesus pensou que era, ou pelo menos viria a ser, o Messias
  • Jesus foi crucificado às ordens de Póncio Pilatos
  • Jesus, de facto, morreu na cruz – (Muçulmanos, tomem nota)
  • Alguns dos seguidores de Jesus acreditavam sinceramente que o viram vivo após a sua morte

Só até aqui, já conseguimos refutar 90% dos disparates que habitualmente ouvimos por parte de cépticos sobre Jesus. E ainda faltam alguns pontos.

  • A crença que Jesus foi ressurrecto dentre os mortos convenceu os seus discípulos de uma forma praticamente imediata que ele era uma figura divina, exaltado à direita de Deus. Os Cristãos iniciais fizeram dessa forma algumas afirmações estrondosas sobre Jesus
  • A crença de que Jesus era uma figura divina que existiu antes da sua vida humana foi aceite pelo menos por alguns Cristãos nos primeiros vinte anos após a sua morte, inclusive antes mesmo das primeiras epístolas de Paulo. (Digam adeus ao disparate de que Paulo mudou radicalmente o Cristianismo, do código moral Judeu para um culto salvador Helénico)
  • Filipenses 2:6-11 ensina que Jesus Cristo era uma figura divina que preexistia ao seu ser humano; Ehrman rejeita a interpretação “Adãmica” dessa passagem que tenta contornar a preexistência de Cristo.
  • Paulo chama Jesus de “Deus” em Romanos 9:5!
  • João ensina de forma clara que Jesus existiu antes da Criação de alguma forma distinto de Deus o Pai, sendo ao mesmo tempo “Deus” e igual a Deus. (Testemunhas de Jeová, tomem nota.) Mais, esta ideia não originou em João porque o Prólogo Joanino deriva de uma fonte pré-Joanina.

Devo relembrar o que escrevi acima? Bart Ehrman é um académico do Novo Testamento, considerado com um dos mais conceituados a nível mundial. Ele é também agnóstico, ou seja, ele não acredita que Jesus é Deus em carne. Aliás, ele crê em Deus mas não o associa a nenhuma religião existente. Ele crê na ausência de um conhecimento particular de Deus por forma a honrá-lo como tal, e consegue ao mesmo tempo validar os alicerces fundamentais do Cristianismo através dos seus estudos e das conclusões que deles retira!

Está a perceber onde quero chegar? A isto chama-se honestidade intelectual. Investigar algo e apresentar as suas correctas conclusões, mesmo que depois se opte por não colocar nelas a nossa fé.

Se só quiser saber sobre o azul, leia só sobre o azul. Mas, se o seu interesse é saber sobre todo o espectro de cores que existe na luz visível, então leia também sobre as outras cores para assim poder fazer uma escolha coerente, fundamentada na razão.

Clique na imagem para ver um debate em Inglês entre Wallace (à direita) e Ehrman sobre as escrituras do Novo Testamento

Por forma a ilustrar um pouco melhor o meu anterior exemplo do despertador, leia com atenção o seguinte texto de um artigo que aborda a análise que Daniel Wallace fez a um recente livro de Bart Ehrman, onde este último, por continuamente negar as evidências históricas em favor do Cristianismo, é chamado por Wallace de “céptico radical”.

Por esta altura é importante referir para quem não está familiarizado, que Wallace e Ehrman fazem parte de um grupo restrito de uns 5 académicos vivos do Criticismo Textual do Novo Testamento de reputação mundial. Não há atualmente mais do que uma mão cheia de pessoas que saiba tanto sobre este assunto como eles.

[…]Wallace passou a ideia que Ehrman é um céptico radical. Essa imagem é ajustada à realidade? Uma pessoa da audiência perguntou a Ehrman o que seria necessário para ele ter a certeza de que nós possuíamos os escritos originais de, digamos, o Evangelho de Marcos. Ele disse que se tivéssemos dez cópias de primeira geração, escritos com um intervalo de uma semana ou algo do género do original, com “0.001% de desvio” entre eles, então ele teria uma relativa certeza de estarmos na posse do Evangelho de Marcos intacto. Repare que essas exigências não são feitas para qualquer outra literatura antiga e que o Novo Testamento é tão rico em cópias que os seus estudiosos podem obter uma boa ideia da sua redacção original. A resposta de Ehrman a esta questão confirmou que Wallace o descreveu de forma correcta.

Bart Ehrman é a prova cabal de que o conhecimento factual do tema A não torna necessário uma crença em A. Ele conhece melhor do que ninguém a validação histórica dos documentos que compõem o Novo Testamento e mesmo assim recusa-se a crer num Jesus Salvador. Aqui pode ler outro exemplo do que me refiro. Todos os que se recusam a acreditar estão no mesmo barco, o barco da contínua resistência à verdade, porque possuem um coração de pedra que se opõe à realidade chamada Deus.

Meditem por uns momentos no significado deste texto, escrito por Paulo em Romanos 1:18-20:

Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça,
pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis.

Estas palavras com quase 2 mil anos de vida garantem-me que todo este movimento neo-ateu bem se podia chamar paleo-ateu, porque de novo nada tem. Homens que suprimem a verdade de Deus, porque amam as injustiças que cometem em vida e não suportam a ideia de um ser Soberano a quem hão-de prestar contas.

Para terminar um já longo texto, um desabafo. Um familiar perguntou-me recentemente, após ver alguns artigos feitos por mim aqui e no meu anterior blog, se eu devia perder tempo com isto… se este tipo de “filosofias” e questões eram boas para a minha alma.
Depois de falar com dezenas (centenas?) de pessoas que se intitulam ateus, eu posso asegurar com toda a força do meu ser: Não há nada de mais útil e mais premente no campo do Cristianismo que se pratica neste mundo virtual chamado Internet, do que o refutar mentiras que levam à perdição das almas que se deixam levar pelo conforto que o mundo de (falsas) convicções do ateísmo lhes traz.

A pergunta que lhe faço no fim deste texto é: E você, está preparado para, revestido de amor Cristão, falar com ateus e agnósticos e ajudá-los a chegar à fé no Jesus Histórico, Senhor e Salvador das almas de todos aqueles que n´Ele crerem?

Um Engano Chamado Tolerância

Houve uma recente polémica no mundo Cristão (sem grande expressão ou conhecimento em Portugal, como já vai sendo infelizmente habitual) sobre a alteração dos estatutos de contratação de funcionários de uma das maiores entidades de apoio humanitário no mundo, a World Vision.

World-Vision

Presidente da World Vision dos Estados Unidos: “Porque motivo vamos agora empregar Cristãos Gays em uniões de facto”

De uma forma sucinta, o que se passou é que esta empresa assumidamente Cristã decidiu alterar os seus estatutos até então redigidos de acordo com os princípios declarados nas Escrituras para que agora fosse permitida a contratação de funcionários(as) homossexuais que vivam em união de facto com o seu/sua parceiro(a). De notar que os estatutos referentes à obrigação da abstinência sexual dos restantes funcionários solteiros ou não unidos de facto se manteve.

Do lado evangélico houve uma resposta firme e crítica a esta decisão, manifestando total discordância com a alteração feita e o estilo de vida que esta consente e promove, critica essa com a qual eu concordo, à qual se seguiu uma outra resposta… surpreendentemente também do lado evangélico.

Esta última veio de um grupo que considera que não devemos ter um trato diferente com a pessoa X só porque esta adota um estilo de vida contrário ao declarado nas Escrituras porque “Jesus trouxe uma mensagem de Graça e Misericórdia” e devemos “evitar ser duros e intransigentes” porque isso “não funciona”. Coloquei entre aspas estas últimas observações porque estou a citar partes de um texto de uma amiga e irmã na fé que muito respeito, escritas precisamente sobre esta polémica. Dá para perceber de imediato que ambos, eu e ela, temos ideias bem opostas sobre este assunto.

A visão deste último grupo é aliás demasiadamente próxima da heresia do Antinomianismo, e por me sentir extremamente desconfortável com a ideia de alguém defender algo parecido decidi escrever este texto.

Qual é então o meu ponto de vista, que visão é que defendo? É simples, eu não posso ir além da Graça e Misericórdia que o próprio Jesus demonstrou. Eu não posso ser tolerante com aquilo que as Escrituras -na sua qualidade de total e inerrante conselho de Deus- nos dizem ser intolerável aos olhos de Deus.

Deixem-me ilustrar o meu ponto de vista com duas passagens das Escrituras, a primeira normalmente citada, a outra nem por isso e já perceberão o porquê.

“A Mulher adúltera” em João 8:3-11

E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher, apanhada em adultério;
E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
E, na lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que, de entre vós, está sem pecado, seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, saíram, um a um, a começar pelos mais velhos, até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu, também, te condeno; vai-te, e não peques mais.

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“Nem eu, também, te condeno; vai-te, e não peques mais”

Este texto tinha muito para ser analisado, desde logo é interessante perceber o pensamento dos líderes religiosos daquela época (daquela?) que relegavam a culpa para a mulher apenas. Esta mulher havia sido surpreendida a cometer adultério, mas quem cometia adultério com ela não foi levado para ser julgado por esses escribas e fariseus. Mas avancemos por agora para o ponto que quero apresentar, deixando a riqueza do texto para uma futura e mais profunda análise.

Podemos observar uma situação clara de alguém que foi acusada perante Jesus de cometer um pecado. Qual foi a Sua resposta? Ainda se lembra?
Terá sido
“Vai, continua o teu estilo de vida porque a minha misericórdia te chega”?
ou então,
“eu vou morrer por todos os pecados, portanto continua a viver como bem entendes que nada do que faças importa”?

Foi isso que Jesus disse à Mulher? Não, não foi essa a Sua resposta. “Vai-te e não peques mais”. Não. Peques. Mais.

Podemos extrair deste texto um ensinamento além do que a extrema empatia que Jesus tem para com o pecador? Não, não podemos. Muito menos entreter o pensamento de que pecado sexual é irrelevante quando estamos debaixo da Graça de Jesus.

Jesus não aboliu a lei que diz que o adultério é pecado. Nem Jesus o fez aqui em João, nem no restante do Novo Testamento, nem o adultério foi desconsiderado como grave por aqueles que O seguiram como Apóstolos, tendo estes sido apontados pelo próprio Filho de Deus para apascentar as necessidades das Suas ovelhas e dos quais temos um conjunto de livros que compõem o Novo Testamento onde assentar os alicerces do edifício da nossa fé. Nenhum deles trata o adultério (ou outro pecado sexual) como irrelevante, bem pelo contrário.

Mas não é sobre o adultério que estamos a falar. Retomando o meu ponto inicial:

Deve o Cristão defender um conjunto de valores e deveres fundamentados nas Escrituras?
Devemos dizer ao próximo que o estilo de vida homossexual é pecado e abominável aos olhos de Deus?
Que consequências tem o meu silêncio no meu destino eterno? Nenhum. Eu acredito que jamais perderei a minha salvação, mas, e no destino eterno dos que pecam fora da Graça Salvadora de Jesus?
Devemos cruzar os braços e não reagir à medida que vemos um cego a caminhar em direção ao precipício?

Aproveito e partilho a segunda passagem das escrituras que queria partilhar, passo a palavra ao meu Senhor, novamente:

Mateus 19:4-6

Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez, no princípio, macho e fêmea os fez,
E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim, não são mais dois, mas uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem.

Jesus reforçou para lá de qualquer dúvida a definição bíblica de Casamento do Antigo Testamento, aliança debaixo da qual Deus permite o ato sexual. Nenhum ato sexual é permitido excepto no contexto do Casamento conforme descrito por Jesus neste trecho em Mateus. Nenhum. Todo o contacto sexual fora deste contexto é pecado, é isto que as Escrituras nos dizem de uma forma absolutamente clara.

Condescender com um estilo de vida homossexual em nome da “Graça” e “Misericórdia” não é nem honesto nem saudável para o Cristão, e muito menos para o pecador que acreditar nessa mentira.

Que imagem passamos ao não-crente quando estamos dispostos a abdicar daquilo que sabemos ser a soberana e perfeitamente declarada vontade de Deus, só para não parecermos incómodos ou intolerantes com os demais?
Até que ponto estamos dispostos a abdicar da nossa paz e conforto para podermos fazer aquilo que é correto aos olhos de Deus e anunciarmos que todas as ações trazem consequências, umas aqui na Terra e outras na eternidade?

Não defender a cosmovisão Cristã nos dias que correm é um ato de ódio declarado àqueles que não têm a sua fé em Jesus e estão assim desde já condenados ao fogo eterno. O nosso Senhor chamou-nos para sermos o Sal e a Luz do mundo, não para sermos inertes e inconsequentes nas nossas convicções espirituais.

Nunca é demais relembrar o que nos disse Jesus sobre a fidelidade que devemos ter para com Ele:
Mateus 7:22-27 (aconselho a leitura de todo o capítulo)

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizámos nós em teu nome? e em teu nome não expulsámos demónios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi, abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.

Não podemos com uma mão oferecer a tolerância que este mundo tanto deseja para poder viver descontroladamente, porque com a outra estamos a esbofetear a Cristo.

Termino este texto com um ponto muito positivo e que me traz um grande contentamento. Passados alguns dias do anúncio original, e devido à pronta atuação de homens e mulheres fiéis às Escrituras de todo o mundo que manifestaram a sua discordância de uma forma graciosa mais firme, a World Vision reverteu a sua posição e reassumiu um compromisso claro com os princípios da fé Cristã, mantendo-se dessa forma fiel aos seus estatutos originais que respeitam e honram a vontade de Deus de acordo com o declarado nas Escrituras.

“Noé” e Outras Coisas Que Não Nos Convêm

Em 1 Coríntios 6 versículo 12, Paulo diz-nos o seguinte:

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.

Temos por vezes dificuldade em perceber como se aplicam as verdades que encontramos na Palavra de Deus às situações do nosso quotidiano, aos mais variados momentos do dia-a-dia. Este não é o caso. Poderia falar sobre inúmeras situações onde este conselho que Paulo nos traz na sua carta à Igreja de Corinto se aplicaria, mas aproveito o lançamento do novo filme “Noé” de Russell Crowe para o abordar de forma clara e prática.

Tomem atenção ao seguinte artigo que o “Wintery Knight” escreveu no seu blog, o qual traduzo abaixo.

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[Retirado daqui]

Esta análise ao filme no blog do Matt Walsh deve ajudá-lo a poupar algum dinheiro.

Ele escreve:

Na Sexta, eu e a minha mulher tivemos uma muito rara saída romântica.

Naturalmente, decidimos aproveitar a noite para sermos atacados pela condescendência estridente da peça de cinema anti-cristão mais insípida, absurda, sem imaginação, sem jeito, e artificial que existe desde, bem, provavelmente desde a semana passada.

“Noah” é um grande sucesso de Hollywood, realizado por um ateu que ficou conhecido pelo seu anterior filme, onde uma bailarina lésbica mentalmente perturbada enlouquece e sangra até à morte no palco.

Por esta altura, uma pessoa crítica pode estar já um pouco preocupada com a forma como ele irá lidar com a Bíblia, considerando-se o que ele fez com o ballet.

Estas preocupações passaram de uma simples suspeita para realidade antes mesmo do filme ter sido lançado, quando o próprio veio publicamente afirmar que “Noah” seria não só uma peça de propaganda ambientalista como também o filme bíblico “menos bíblico” já feito.
Ele não estava a mentir.
Esqueceu-se foi de dizer que é igualmente um filme péssimo.

Matt continua a sua análise ao filme e explica que tipo de cosmovisão eles estão a tentar forçar na mente dos espectadores. Terá de ler a mensagem completa para atentar aos detalhes, mas o sumário é que este filme não tem absolutamente nada a ver com a história bíblica de Noé. É algo que poderia muito bem ter sido feito por activistas dos direitos dos animais ou alarmistas do aquecimento global.

Aqui está a sua conclusão:

Ouvi dizer que comparam este filme com o “Titanic” e o “Gladiador”. Pessoalmente, eu diria que é uma mistura entre “Revolta na Bounty” e “Shining”. Só que com menor coerência do que qualquer um destes dois.

Também ouvi dizer que alguns “líderes Cristãos” estão a endossar este fumegante amontoado de esterco de cavalo herético. Estou tentado a acusar essas pessoas de serem covardes, tontas ou desonestas, mas vou-lhes dar o benefício da dúvida e assumir que eles dormiram nas partes mais problemáticas do filme – como aquela parte no princípio, e aquela no fim, e todas as outras pelo meio.

É verdade que pode ser um pouco difícil discernir a “mensagem” num filme tão repleto de explosões (os Maus têm bazucas, naturalmente), monstros e infanticídio, mas qualquer suposto “líder” Cristão devia esforçar-se um pouco mais [na defesa da fé]. Tome um pouco mais de atenção. Se o fizer, verá uma história que perverte completamente a natureza de Deus, ao mesmo tempo que vira ao contrário a noção de pecado e imoralidade.

Aparte um breve vislumbre de algo que aparenta ser ou violação/estupro ou canibalismo, a maldade é retratada mais como uma questão de comer carne e extrair recursos da terra. Noé – um homem justo na Bíblia – é despojado da sua justiça em favor da obsessão. Deus é despido de toda e qualquer característica, excepto a de espírito vingativo.

Isto não tem a ver com o facto de “Noah” se desviar do texto – é claro que se desvia, o texto original é de apenas algumas páginas – mas antes com o facto de que o filme distorce completa e totalmente a mensagem e o significado da história original.

Se está a considerar a hipótese de ver este filme, eu peço-lhe que reconsidere. Esse dinheiro pode ser melhor empregue noutro lugar. A sério, qualquer outra coisa seria melhor. É um filme bom para pessoas que gostam de ver histórias Bíblicas assassinadas por ateus que tentam impingir uma agenda louca de idolatria ambiental “Earth First”, [ndt: organização radical ambiental de protecção do Planeta] mas não é um bom filme para crentes Judeus e Cristãos. Quando um realizador ateu afirma que fez “o filme menos bíblico de todos os tempos”, você deve acreditar nele.

Esta é uma questão de responsabilização – por que motivo você iria dar o seu dinheiro a alguém que odeia a sua visão do mundo, quando não há outro propósito possível para esse gasto que não o de entreter? Seja um bom administrador do seu dinheiro e não o entregue a pessoas que estão a tentar destruir a sua religião. Há uma abundância de coisas melhores para fazer com esse dinheiro do que o entregar a pessoas que se opõem ao Deus da Bíblia. Você não tem que assistir a um filme só porque é uma novidade e porque se gastou muito dinheiro para o produzir.

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Relembrando a forma como iniciei esta mensagem, pelo sábio conselho de Paulo:

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.

Peço-lhe para reconsiderar o seu Cristianismo “prático” -a forma como aplica na sua vida as consequências da sua escolha espiritual de ter Jesus como seu Senhor e Salvador- e não dê suporte à propaganda ateísta, mesmo que ela tenha uma máquina de marketing multimilionária atrás de si como é o caso de alguns títulos produzidos em Hollywood.

Peço-lho por favor: Não contribua com o seu dinheiro para pessoas e projectos que não só não amam a Deus, como devotam todos os seus recursos a tentar destruir a Sua mensagem.