Sono da Alma
Tradução da pergunta “Quando uma pessoa morre, para onde vai a sua alma ou espírito antes da Segunda Volta?” do livro Now, That’s a Good Question! Copyright © 1996 por R.C. Sproul
“Através da sua história a Igreja debateu-se com o conceito do chamado “estado intermédio” – ou seja, a nossa posição desde o momento em que morremos até ao momento em que Cristo consumará o seu reino e completará as promessas que afirmamos no Credo Apostólico[1]. Acreditamos na ressurreição do corpo. Acreditamos que haverá um tempo em que Deus reunirá a nossa alma e o nosso corpo, e que teremos um corpo glorificado assim como o de Cristo quando saiu do sepulcro como o “primogénito de entre os mortos”. Nesse entretanto, o que acontece?
A posição mais comum tem sido a de que, na morte, a alma vai imediatamente à presença de Deus e há uma continuidade na existência pessoal. Não existe uma interrupção de vida no final desta vida, mas continuamos vivos através das nossas almas pessoais após a morte.
Há quem tenha sido influenciado por uma visão cúltica chamada Psychopannychia[2] (em Português: Psicopaniquismo), mais conhecida como sono da alma. A ideia é que no momento da morte a nossa alma entra num estado de animação suspensa. Ela permanece num sono, em estado inconsciente, até ser despertada no momento da grande ressurreição. A alma ainda está viva, mas está inconsciente, de modo que não há percepção da passagem do tempo. Eu julgo que esta conclusão é retirada de forma inapropriada da maneira eufemística como no Novo Testamento se fala das pessoas que morreram como estando adormecidas. A expressão judaica comum de as pessoas estarem “adormecidas” significa que elas estão maravilhadas com a pacífica tranquilidade daqueles que atravessaram as lutas deste mundo e se encontram na presença de Deus.
Mas o que as Escrituras no geral nos ensinam, mesmo no Antigo Testamento onde o seio de Abraão era visto como o lugar da vida após a morte, é que existe uma persistente noção de continuidade. Paulo explica-o desta forma: Viver nesta vida é bom; o mais grandioso que pode vir a acontecer é participar na ressurreição final. Mas o estado intermédio é ainda melhor. Paulo disse que estava dividido entre os dois.[3]
Por um lado, o seu desejo era partir e estar com Cristo, que é muito melhor, e por outro, ele tinha um desejo de permanecer vivo e continuar o seu ministério nesta terra. Mas a opinião do apóstolo, de que a passagem pela cortina da morte para esse estado intermédio ser muito melhor do que este estado, dá-nos uma pista, juntamente com muitas outras passagens bíblicas. Jesus disse ao ladrão na cruz, “Em verdade te digo que estarás comigo, hoje, no paraíso” (Lucas 23:43). A imagem do Rico e de Lázaro no Novo Testamento (Lucas 16:19-31) indica-me que existe uma continuidade de vida e de consciência nesse estado intermédio.”
Notas
[1] – “Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra.
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém”
[2] – João Calvino escreve em 1534 este tratado para refutar a errada posição teológica do “sono da alma”, propagada à época pelos Anabaptistas e por outros grupos Protestantes radicais.
[3] – “De facto, para mim o viver é Cristo e o morrer é ganho. Mas se o continuar a viver é útil para o meu trabalho, então não sei o que hei de escolher. Estou pressionado de ambos os lados: tenho o desejo de partir e de estar com Cristo, o que seria incomparavelmente melhor; mas, por vossa causa, é mais necessário continuar a viver.” Efésios 1:21-24
Essa é sua opiniao, porem, Lutero , pai dos protestantes era mortalista.