Nestes últimos dias tenho tido uma sempre bem-vinda oportunidade de trocar algumas palavras com um ex-membro da Igreja que frequento. Hoje em dia, e de há uns anos para cá, ele identifica-se como ateu. Apesar de trágico, o atual estado espiritual desta pessoa no que diz respeito à sua “fé” não é surpresa nenhuma.
Um dos motivos pelos quais eu invisto tempo a escrever neste sítio é precisamente o de capacitar os nossos jovens Cristãos -não só os jovens, mas principalmente estes- a estarem sempre prontos a defender a sua fé e a enfrentar de forma eficaz os ferozes ataques que a cosmovisão Cristã sofre por parte do mundo secular e dos seus intervenientes mais ativos.
Sem a devida preparação, é aqui que o seu filho passará a acreditar na ilusão do Ateísmo. Clique na imagem para ver um estudo recente sobre o abandono da fé por parte de jovens que iniciam a sua vida académica.
O risco é simples: Deixar os nossos filhos sair de casa aos 18 anos como Cristãos convictos e participantes connosco do corpo de Cristo nos eventos dentro e fora da Igreja, e recebê-los 3, 4 ou 5 anos mais tarde como inimigos de Deus declarados.
As faculdades são hoje em dia um lugar onde os nossos filhos são ensinados que Deus não existe e que o Humanismo e outras correntes anti-religiosas são o mais perfeito e capaz sistema de vivência humana. Mentiras, mentiras, mentiras.
Mas por um momento coloquem-se na pele de um jovem caloiro acabado de chegar à faculdade: O seu Professor de Biologia garante que a Teoria da Evolução é um facto científico, o de Filosofia afirma que Deus, a existir, é um ser atroz e vingativo e nas aulas de História os livros de Dan Brown são usados como exemplo de boa Historiografia. Podemos culpar alguém que não nós mesmos (os Cristãos) pelo mau trabalho feito ao longo dos anos, pela forma despreparada como entregamos os nossos jovens à sociedade no arranque das suas carreiras estudantis, quando estes colocam um pé fora da redoma familiar Cristã?
Não, não podemos. A culpa é só nossa.
Um ateu não é mais do que o produto de vários fatores conjugados, a saber:
- Exposição a maus e tendenciosos estudos académicos
- A natural inclinação do Homem para viver no pecado e assim procurar negar a existência de um Deus soberano (e os polos/campus Universitários são um forte convite a viver sem regras ou controlo)
- Pressão dos pares, que como eles, também sofreram dos dois factores acima mencionados
Este recente amigo ateu com quem tenho falado confessou que se desviou do Cristianismo precisamente quando entrou na faculdade e teve contacto direto com o mundo secular em todo o seu esplendor. Dúvida aqui, artigo “científico” ali, e este até então Cristão saiu do edifício espiritual do Cristianismo onde habitava para, segundo as suas palavras, “nunca mais voltar”.
Imagine comigo este cenário: Alguém debruçado em cima de uma cama, com uma almofada nas mãos a tentar cobrir um despertador para dessa forma abafar o som do seu alarme que toca de forma estridente, ao mesmo tempo que grita para alguém ao seu lado “Alarme?… na.., não há nenhum alarme a tocar neste momento!”
Esta é a perfeita ilustração da vida de um ateu.
Nos dias de hoje, em que abrindo uma página de Internet e acedendo a um qualquer motor de pesquisa ao estilo “Google” temos acesso a uma vastidão de textos, opiniões, artigos e coisas tais, um ateu tem mais do que ocasião e oportunidade para sustentar a sua cosmovisão e achar que está do lado correto da verdade.
Repare, eu não estou a afirmar que o ateu é um ser totalmente ilógico: mas afirmo-o se ele analisar TODAS as evidências que os muitos anos de bons estudos das mais variadas áreas nos trazem, e ainda assim, escolher o ateísmo como a melhor explicação para o “tudo”.
Isso sim para mim é o pináculo da ilusão auto-imposta.
O leitor procura uma “desculpa” para ser ateu? Fazemos assim, não perca mais tempo então, eu digo-lhe o que fazer: vá ler os livros de Sam Harris, ou de Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Daniel Dennet, David Silverman, Lawrence Krauss e tantos outros como eles. Agora aproveito e digo-lhe já de seguida que se quiser ser feliz na ignorância de não conhecer mais nada para lá das ideias desses autores, não leia um único livro mais. Nenhum, não leia absolutamente mais nada!
Não leia outros ateus um pouco mais honestos -e credenciados, mas de quem, pasme-se, nunca ouvirá falar nesse sub-mundo ateu- que os que citei acima que seguem as evidências para onde elas os levam e depois de anos e anos de observação, estudos e pausada análise e ponderação acabam por escrever livros com os títulos;
“Deus Existe” como foi o caso do mais proeminente ateu do século passado, Antony Flew, que após 50 anos a defender a causa ateísta reverteu a sua posição para o agnosticismo, reconhecendo assim que os avanços da Ciência não lhe deixaram qualquer alternativa que não fosse a de reconhecer a existência de um Deus criador,
ou mesmo,
“Mente e Cosmos: Porque é que a concepção materialista neodarwinista da natureza é quase certamente falsa” do reputado filósofo ateu Thomas Nagel, onde ele afirma que concepções estritamente materialistas -ou seja, sem uma causa transcendente, sem “Deus”- para a origem do Universo e da Vida são “quase certamente falsas”.
Os defensores da Teoria da Evolução têm uma particular aversão a este homem, da mesma forma que nós teríamos de alguém que nos carregasse com um dedo no nosso joelho recentemente esfolado após uma queda, e ambos pelo mesmo motivo: Tocar numa ferida aberta causa desconforto.
Não leia também sobre os trabalhos/artigos e publicações daquele que é considerado um dos maiores académicos vivos do Novo Testamento, o agnóstico Bart Ehrman (por quem alias tenho, confesso, uma saudável antipatia) que nos faz saber entre outras coisas que (traduzido daqui):
- Jesus foi uma pessoa verdadeira da história, um Judeu da Galileia que pregou sobre o Reino de Deus. Ehrman escreveu um livro inteiro a defender este facto
- Os Evangelhos canónicos são os mais jovens, e, para todos os efeitos, as únicas fontes válidas de informação detalhada sobre o Jesus histórico. Os evangelhos “Gnósticos” e os outros escritos apócrifos datam de muito mais tarde e não podem ser considerados fontes com significado válido para a informação histórica sobre Jesus.
- Jesus pensou que era, ou pelo menos viria a ser, o Messias
- Jesus foi crucificado às ordens de Póncio Pilatos
- Jesus, de facto, morreu na cruz – (Muçulmanos, tomem nota)
- Alguns dos seguidores de Jesus acreditavam sinceramente que o viram vivo após a sua morte
Só até aqui, já conseguimos refutar 90% dos disparates que habitualmente ouvimos por parte de cépticos sobre Jesus. E ainda faltam alguns pontos.
- A crença que Jesus foi ressurrecto dentre os mortos convenceu os seus discípulos de uma forma praticamente imediata que ele era uma figura divina, exaltado à direita de Deus. Os Cristãos iniciais fizeram dessa forma algumas afirmações estrondosas sobre Jesus
- A crença de que Jesus era uma figura divina que existiu antes da sua vida humana foi aceite pelo menos por alguns Cristãos nos primeiros vinte anos após a sua morte, inclusive antes mesmo das primeiras epístolas de Paulo. (Digam adeus ao disparate de que Paulo mudou radicalmente o Cristianismo, do código moral Judeu para um culto salvador Helénico)
- Filipenses 2:6-11 ensina que Jesus Cristo era uma figura divina que preexistia ao seu ser humano; Ehrman rejeita a interpretação “Adãmica” dessa passagem que tenta contornar a preexistência de Cristo.
- Paulo chama Jesus de “Deus” em Romanos 9:5!
- João ensina de forma clara que Jesus existiu antes da Criação de alguma forma distinto de Deus o Pai, sendo ao mesmo tempo “Deus” e igual a Deus. (Testemunhas de Jeová, tomem nota.) Mais, esta ideia não originou em João porque o Prólogo Joanino deriva de uma fonte pré-Joanina.
Devo relembrar o que escrevi acima? Bart Ehrman é um académico do Novo Testamento, considerado com um dos mais conceituados a nível mundial. Ele é também agnóstico, ou seja, ele não acredita que Jesus é Deus em carne. Aliás, ele crê em Deus mas não o associa a nenhuma religião existente. Ele crê na ausência de um conhecimento particular de Deus por forma a honrá-lo como tal, e consegue ao mesmo tempo validar os alicerces fundamentais do Cristianismo através dos seus estudos e das conclusões que deles retira!
Está a perceber onde quero chegar? A isto chama-se honestidade intelectual. Investigar algo e apresentar as suas correctas conclusões, mesmo que depois se opte por não colocar nelas a nossa fé.
Se só quiser saber sobre o azul, leia só sobre o azul. Mas, se o seu interesse é saber sobre todo o espectro de cores que existe na luz visível, então leia também sobre as outras cores para assim poder fazer uma escolha coerente, fundamentada na razão.
Clique na imagem para ver um debate em Inglês entre Wallace (à direita) e Ehrman sobre as escrituras do Novo Testamento
Por forma a ilustrar um pouco melhor o meu anterior exemplo do despertador, leia com atenção o seguinte texto de um artigo que aborda a análise que Daniel Wallace fez a um recente livro de Bart Ehrman, onde este último, por continuamente negar as evidências históricas em favor do Cristianismo, é chamado por Wallace de “céptico radical”.
Por esta altura é importante referir para quem não está familiarizado, que Wallace e Ehrman fazem parte de um grupo restrito de uns 5 académicos vivos do Criticismo Textual do Novo Testamento de reputação mundial. Não há atualmente mais do que uma mão cheia de pessoas que saiba tanto sobre este assunto como eles.
[…]Wallace passou a ideia que Ehrman é um céptico radical. Essa imagem é ajustada à realidade? Uma pessoa da audiência perguntou a Ehrman o que seria necessário para ele ter a certeza de que nós possuíamos os escritos originais de, digamos, o Evangelho de Marcos. Ele disse que se tivéssemos dez cópias de primeira geração, escritos com um intervalo de uma semana ou algo do género do original, com “0.001% de desvio” entre eles, então ele teria uma relativa certeza de estarmos na posse do Evangelho de Marcos intacto. Repare que essas exigências não são feitas para qualquer outra literatura antiga e que o Novo Testamento é tão rico em cópias que os seus estudiosos podem obter uma boa ideia da sua redacção original. A resposta de Ehrman a esta questão confirmou que Wallace o descreveu de forma correcta.
Bart Ehrman é a prova cabal de que o conhecimento factual do tema A não torna necessário uma crença em A. Ele conhece melhor do que ninguém a validação histórica dos documentos que compõem o Novo Testamento e mesmo assim recusa-se a crer num Jesus Salvador. Aqui pode ler outro exemplo do que me refiro. Todos os que se recusam a acreditar estão no mesmo barco, o barco da contínua resistência à verdade, porque possuem um coração de pedra que se opõe à realidade chamada Deus.
Meditem por uns momentos no significado deste texto, escrito por Paulo em Romanos 1:18-20:
Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça,
pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis.
Estas palavras com quase 2 mil anos de vida garantem-me que todo este movimento neo-ateu bem se podia chamar paleo-ateu, porque de novo nada tem. Homens que suprimem a verdade de Deus, porque amam as injustiças que cometem em vida e não suportam a ideia de um ser Soberano a quem hão-de prestar contas.
Para terminar um já longo texto, um desabafo. Um familiar perguntou-me recentemente, após ver alguns artigos feitos por mim aqui e no meu anterior blog, se eu devia perder tempo com isto… se este tipo de “filosofias” e questões eram boas para a minha alma.
Depois de falar com dezenas (centenas?) de pessoas que se intitulam ateus, eu posso asegurar com toda a força do meu ser: Não há nada de mais útil e mais premente no campo do Cristianismo que se pratica neste mundo virtual chamado Internet, do que o refutar mentiras que levam à perdição das almas que se deixam levar pelo conforto que o mundo de (falsas) convicções do ateísmo lhes traz.
A pergunta que lhe faço no fim deste texto é: E você, está preparado para, revestido de amor Cristão, falar com ateus e agnósticos e ajudá-los a chegar à fé no Jesus Histórico, Senhor e Salvador das almas de todos aqueles que n´Ele crerem?