Há muitas interpretações do que a Bíblia diz, como sei qual delas é a correcta?
Por RC Sproul em “Now, That´s a Good Question!“, pág. 36
“Este é um problema que nos preocupa a todos. Existem algumas considerações teóricas das quais poderíamos falar, mas eu prefiro antes perder algum tempo nas práticas.
A Igreja Católica Romana acredita que uma das funções da igreja é a de ser a intérprete autorizada das escrituras. Eles acreditam que não só temos uma Bíblia infalível, como temos também uma interpretação infalível dessa Bíblia. Isto de certa forma atenua o problema, mas não o resolve de forma completa.
Temos depois aqueles entre nós cuja missão é interpretar as infalíveis interpretações da Bíblia. Mais cedo ou mais tarde são os não infalíveis que têm de resolver as dúvidas encontradas. Este dilema subsiste porque existe um vasto conjunto de diferenças de interpretação sobre o que os Papas dizem e sobre o que os Concílios afirmam, da mesma forma que existem inúmeras interpretações diferentes sobre aquilo que a Bíblia diz. Algumas pessoas quase desesperam, exclamando:
“se até os teólogos não conseguem concordar nestes assuntos, como é que eu, um simples Cristão, vou estar apto a perceber quem é que me está a dizer a verdade?”
Encontramos o mesmo tipo de diferenças de opinião na medicina. Um médico diz que precisa de se submeter a uma operação, e o outro diz que não. Como é que vou saber qual é o médico que está a dizer a verdade? Estou a apostar a minha vida no médico em que mais confio nesse momento.
É preocupante existirem especialistas que discordam em assuntos importantes, mas assuntos de importância eterna são bem mais importantes do que se o meu apêndice precisa ou não de ser removido.
O que deve então fazer se tiver um caso destes em que 2 médicos lhe apresentam opiniões contraditórias? Você consulta um terceiro especialista. Você tenta investigar, olha para as suas credenciais e tenta aferir qual deles tem os melhores estudos, qual é o médico que lhe inspira maior confiança; de seguida você ouve os argumentos apresentados e decide pela opinião que lhe parece ser a mais convincente. Eu diria que o mesmo princípio deve ser seguido caso existam diferenças de interpretação bíblicas.
A primeira coisa que eu quero saber é, quem é que está a fazer a interpretação? A pessoa é instruída? Em vários sítios eu vejo todo o tipo de ensinamento de pessoas que, francamente, não possuem formação técnica em teologia ou estudos bíblicos. Eles não têm competências académicas. Eu sei que pessoas que não possuem competências académicas podem ter uma interpretação correcta da Bíblia, mas a probabilidade de estarem correctos não é tão alta como aqueles que passaram anos e anos a investigar cuidadosamente e a receber um treino meticuloso para possuírem a capacidade de lidar com as difíceis questões em torno da interpretação bíblica.
A Bíblia é um livro aberto para todos, e todos podem por seu turno tentar inventar o que quiserem acerca do que lá encontram. O que temos de fazer é procurar as qualificações dos professores. Mas não somente isso, nós não devemos confiar na opinião de apenas uma pessoa. Por esse motivo, no que diz respeito à interpretação bíblica eu aconselho com frequência que verifiquem o maior número de fontes confiáveis possível e não falo apenas das contemporâneas, vejam as grandes mentes, as mentes reconhecidas na história do Cristianismo. É espantoso para mim o quão de acordo estão entre si Agostinho, Aquino, Anselmo, Lutero, Calvino, e (Jonathan) Edwards -estes que são reconhecidos como os titãs da história da Igreja-. Eu consulto com frequência esses porque eles são os melhores. Se você quer saber alguma coisa a respeito de algo, vá sempre ter com os melhores.”